sexta-feira, outubro 21

203. Um real pelos 40 anos do Banco Central

Bem, mas um item para a minha colecção. Será que alguém poderia passar no Banco Central, na avenida Paulista para me pegar uns cinco exemplares? Eu e a minha colecção vos agradeceríamos muito.

O Banco Central do Brasil lançou em 23 de setembro de 2005 moedas de um real com motivo alusivo aos 40 anos do início de suas atividades institucionais. A quantidade é limitada a 40 milhões de peças, que serão distribuídas até o final de 2005. Elas pesam 7 gramas - como as normais -, são de aço inoxidável (centro) e aço revestido de bronze (anel externo), também como as normais.
No anverso, imagem central inspirada na logomarca oficial criada pela equipe da Secretaria de Relações Institucionais do Banco Central do Brasil para as comemorações dos 40 Anos da Instituição, que utiliza a referência direta da perspectiva do Edifício-Sede em Brasília e a legenda «BC», além das inscrições «BANCO CENTRAL DO BRASIL» e «1965 40 ANOS 2005». O reverso permaneceu inalterado, bem como as suas características.

Extraïdo e adaptado da página respectiva do Banco Central.

Convenhamos: já não se cunham mais moedas como antigamente. Se pegamos as moedas das primeiras décadas do século XX, são pequenas obras de arte, relevos bem trabalhados, ligas de metal resistentes. Hoje, mesmo com a estabilidade monetária de 11 anos, os anos anteriores do vórtice hiperinflacionário terminaram com a qualidade técnica da cunhagem, tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos. A última série de moedas decente e apresentável do Brasil é aquela de 1967-1979, mas mesmo essas, feitas primeiramente em cupro-níquel, a partir de 1975 começaram a ser de aço inoxidável (esse metal bastardo!). Porém conservavam aïnda o desenho. Com a série nova do real (desde 1998), fugimos um pouco do aço; aparentemente, pois debaixo do cobre e do bronze, o maldito aço vagabundo continua lá, e a qualidade do desenho deixa muito a desejar, são umas moedecas pós-modernas bem sem-vergonhas, e como disse algum colunista de jornal quando da apresentação da série nova (lembra-me bem o então Presidente Fernando Henrique Cardoso, de sorriso torto, segurando um sólido de acrílico com todos os valores da série incrustados no interior), que era uma baixa e feia imitação das moedas de euro, cujo desenho fôra divulgado pouco antes.
Essa moeda de um real comemorativa, além de comemorar um tema pífio, o desenho alusivo é o mais puro realismo-socialista: o desenho do quadrado e sem-graça prédio-sede do Banco Central, em Brasília, uma cidade sem-graça desenhada por um arquiteto misantropo. A quem interessa os quarenta anos do Banco Central? É como o referendo sobre a venda de armas, pífio. Há outras coisas para serem lembradas, muito mais importante na nossa história, do que a fundação do Banco Central. Porque não uma sobre os 20 anos da redemocratização, por exemplo?

Aïnda em tempo: sob indicação real El Periódico de Catalunya. e a Catalunya Ràdio S. R. G..

Real Conservadoria de Talheres Valorados: moedas brasileiras, numismática brasileira, estética, desperdício de dinheiro público, ditadura militar, emissão de moeda, lastro em ouro.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

olha só, eu tenho uma moeda linda do segundo império, herdada do meu avô. sempre quis fazer dela um broche ou coisa assim.

sexta-feira, outubro 21, 2005 4:33:00 da tarde  
Blogger Camila Rodrigues disse...

Ora, ora... o que a gnte não descobre sobre as pessoas... Nosso pequeno princípie é um colecionador!

sábado, outubro 22, 2005 2:03:00 da tarde  
Blogger Sérgio disse...

Dani,
Sim, sim. Naquela época é que se faziam moedas de verdade.

Camila,
Pois é. Coleccionador desde os seis anos de idade. Ou seja, chato e pedante há muito.

sábado, outubro 22, 2005 7:39:00 da tarde  

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