sábado, outubro 22

204. Por um païs realmente de todos

Estamos já a menos de 24 horas do referendo, um referendo pífio que não mudará tecnicamente nada, seja o resultado sim ou não. Em tese, eu sempre fui contra porte de arma e acho um tanto quanto ridículo, alguns que vêm e têm coragem de pôr a cara frente às câmeras per defender «direitos». Como já disse há algumas postagens atrás, que direito é esse que obrigatoriamente cerceia o direito alheio?
Primeiramente, pensei em votar pelo sim, coerente pelas minhas posições, mas acredito que esse tipo de referendo seja inútil dada nossa situação actual, i-há tantas outras, todas empacadas pelo sempiterno lamaçal que domina as casas legislativas da nossa república centralista; além do mais, fui convocado para compor as mesas de recepção de votos pela quarta – e finalmente a última – vez, a minha Presidência de mesa.
Eu votaria de bom-grado, por exemplo, em um estatuto de autonomia que nos transformasse realmente numa Federação de Estados, não nessa liga de províncias que somos desde a época do Império. Tratam os Estados como províncias, tanto que há projectos para fatiá-los e criar inexpressivos territórios em nome de interesses politiqueiros de políticos oligárquicos e coronelistas. Nossa actual autonomia só nos permite que tenhamos documentos com numeração diferente e que possamos ter variáveis alíquotas de ICMS, o que causou os vergonhosos e oprobriosos episódios da guerra fiscal.
Por uma autonomia maior para os Estados, por uma Federação de verdade, eu votaria sim.
As armas? Ah, sim. Decidi, pela ineficiência e inoportunidade do tema, anular o meu voto.

Real Escritório de Esquartejamento: federalismo, Toninho Malvadeza, Canudos, república do café-com-leite.

3 Comentários:

Blogger flogisto_calavera disse...

nem se trata mais de um direito, ou do exercício da democracia, ou de qualquer dessas abstrações criadas pelo estado, mas de se posicionar contra uma determinada mentalidade.

domingo, outubro 23, 2005 12:21:00 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

você viu isso aqui? eu não tinha visto, tirei do clipping de sábado:

Defensor do "não" atira em favorável ao "sim"
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Uma discussão sobre o referendo dentro de um bar em Juiz de Fora (cidade a 255 km de Belo Horizonte) foi encerrada na madrugada de ontem com o defensor do "não" disparando três tiros contra o defensor do "sim".
O atirador foi preso em flagrante, e a vítima, internada no pronto-socorro da cidade.
De acordo com o delegado Rodrigo Salomão, que fez a autuação, Fagner Silva Torres, 23, desempregado, estava bebendo no bar em um bairro da cidade quando começou a discutir sobre o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo com William da Silva, 26, também desempregado.
Eram cerca de 2h quando os ânimos entre os debatedores, que não se conheciam, se exaltaram. Torres sacou a sua arma e disparou três tiros contra Silva.
O defensor do "sim" foi levado para o pronto-socorro municipal de Juiz de Fora, onde foi operado e continuava internado no início da noite no centro cirúrgico. Segundo o hospital, Silva não corre risco de morte.
Torres fugiu usando um carro. A Polícia Militar foi chamada e iniciou as buscas, localizando-o já na saída da cidade, na rodovia BR-040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. A arma utilizada no crime foi encontrada escondida no filtro de ar do veículo, segundo informou a PM.
A Polícia Civil informou que o revólver usado por Torres durante a discussão no bar tinha o número do registro raspado. Na delegacia, de acordo com o delegado, o suspeito confessou o crime e o motivo da desavença: o referendo que será realizado amanhã em todo o país. O atirador foi indiciado por "tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil", afirmou Salomão.

segunda-feira, outubro 24, 2005 6:46:00 da tarde  
Blogger Sérgio disse...

Breno,
também acho. Mentalidade de jeca.

Dani,
ótimo. Logo posto.

Messer Tartufo,
se proibissem as armas, voltaria o tempo das bastonadas.

quarta-feira, outubro 26, 2005 10:00:00 da manhã  

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