quarta-feira, junho 7

320. Fauna política brasileira

(ovvero Bestiário da pré-história política)

Delfim Netto


É lícito dizer – pelo menos eu penso – que a nossa política é uma selva, ou um tipo de selva, floresta, bosque. Mesmo com a equalização do espectro político – parece até aquele disco que você gira e as cores nele misturam-se até ficar tudo branco! Disco de Newton, segundo o meu velho livro de Ciências – temos ainda os nossos dinossauros e fósseis. Dinossauros por que, ainda que sejam vetustíssimos na política, movem-se e volta-e-meia vê-se-os por aí, com a sua boca cheia de dentes – podres, obviamente -, aberta, defendendo-se de alguma acusação, respondendo a algum processo. Os fósseis são aqueles que têm uma cadeira no Parlamento e dela não rastejam nem quando é época de eleições. Querem os votos dos seus currais eleitorais, feitos de fungos e planárias majoritariamente. É o que eu digo: por exemplo, Delfim Netto. Deputado por São Paulo, agora do PMDB (meu Deus!, não sei se comentei já isso aqui, mas foi o acontecimento dos últimos tempos que me deixou sem fôlego!) é um típico espécime da fauna política brasileira. Você, que me lê, conhece alguém que volta no Delfim Netto?! Às vezes, tenho vontade de sair na rua, com um megafone em punho ou um carro de pamonha, perguntando: «Mas quem raios vota no Delfim pra Câmara? Será que os egrégios eleitores poderiam pôr a cara à janela?!». Gostaria de ver o aspecto do eleitor do Delfim Netto. Talvez, por sentimentos politicamente-corretos, obesos votem nele; mas eu conheço obesos arraigados de esquerda que jamais dariam um voto para limpador de fossa para o Delfim. Ou talvez, simpatizantes do lado mais «delicado» do ex-Ministro da Economia. Ou partidário de que ele seja o Anjo do catastrófico Milagre Brasileiro. Um anjo de chifres, cá entre nós.
Pois é, mas é um fóssil que soube resistir às tormentas políticas, maquiavélico no sentido mais puro do termo, um valsador político: foi mudando de cor progressivamente até cair no partido que lhe fizera oposição, o PMDB. Mesmo um partido que tenha Orestes Quércia entre nas fileiras (outro dinossauro), é obsceno que aceite Delfim como membro; Delfim era da Arena; como um político que era alinhado com a Ditadura pode passar para o PMDB que, historicamente era o partido que fazia oposição ao Regime (embora fosse um bipartidarismo «montado», por assim dizer). Mesmo com esse monte de poréns, como – como, eu me pergunto – Delfim foi parar no PMDB? Conveniências políticas dum fóssil.
Há algumas semanas, durante uma palestra sobre literaturas espanholas, uma professora do Centro Catalònia de São Paulo mostrou-se indignada que um ex-Ministro do Franco ocupasse a presidência da Xunta de Galícia (o governo autônomo galego). Ela não viu absolutamente nada, comparando com o que temos cá.

3 Comentários:

Blogger Biroslav disse...

Lamento discordar, caro principe, mas lembrando que os dinossauros foram efetivamente extintos, enquanto essas reais pragas continuam indefinidamente, creio que sejam todos baratas.

Exceto o Delfim. Ele parece uma tartaruga das Galápagos.

sexta-feira, junho 09, 2006 7:30:00 da tarde  
Blogger danieli disse...

alguém já parou pra contar quantos queixos ele tem?


eu não entendo certas coisas, acho que vaso ruim não quebra mesmo. o delfim netto é uma massa de toicinho, já era pras artérias dele terem explodido há muito tempo.

sexta-feira, junho 09, 2006 8:07:00 da tarde  
Blogger Sérgio disse...

Bira,
Dinossauros transgênicos? Seria Delfim um Ogm (organismo geneticamente modificado)?

Dani,
Delfim deve ter pacto com o Cabrão, não é possível!

quarta-feira, junho 14, 2006 9:06:00 da manhã  

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